Ela vem com o vapor do dia
chuvoso,
local fechado,
escorrega entre os meus dedos,
firmeza desvalorizada,
descartada e horrorizada.
Uma fantasia,
a realidade as esmaga,
esfrega os cactos em sua face,
alma dilacerada,
o sangue pinta sua nova jornada.
A ilha isolada o sol não alcança,
a neblina te agarra
e o canto te esmaga,
longínqua a esperança.
Na correnteza está meu começo,
ela conduzirá tudo pelo avesso,
desejo travesso,
a ponte atravesso:
do outro lado um lampejo,
belo brilho escaldante.
Os pingos vêm para secar,
nenhuma lágrima a derramar.
Não lamento nada,
foi minha alvorada.
O rio flui sobre ti,
algo que não pude sorrir;
a pedra mais nobre
adormece sem cobre.
Olá, gafanhoto!
Como estás nesta madrugada?
A jangada foi tua última morada?
Meu pensamento mais torto!
Aceitaria o valor verdadeiro,
estaria morrendo pelo celeiro;
poema saturnino,
se alguma poesia parecer ilegível,
vê meu gesto vespertino,
esquece os paladinos,
o sumo sacerdote,
o monge e o beneditino.
Flecha inteligível,
sabor agridoce,
a afeição
para ser despedaçada
como a folha de Outono.
O sono não cessa,
No meu cabelo a mão se enlaça.
Se eu cair na água
não afundo,
meu corpo é mais leve
que bolso de vagabundo;
carcaça vazia
de abacate;
mente doentia,
a pluma de uma miragem.
Soletra o meu nome,
está errado!
Ser esquizofrênico,
maldito alucinado!
Corre para o quarto escuro,
salão de dança
das criaturas escamosas,
o uivo de gaivota,
meu pântano.
Com a perspectiva corrompida
veio o cuidado descabido
em um pátio iluminado
onde se deitam almas opacas.
O endosso rejeitado
segue firme em minhas veias
como um pássaro alado
que assovia preso em teias.
Saída de emergência
dos trilhos arrebentados,
o gás que explode
sem nenhum agrado.
É tão mais fácil não comparecer,
abandonar tudo,
deixar desvanecer.
Que se exploda o mundo
comigo junto!
Vidro empoeirado
embaçado pelo tal vapor,
dedo sujo que nele encostou,
umedecido pelo terror.
Trago resguardado,
gole amaldiçoado,
a Augusta
e os espasmos.
Paraíso ensolarado
longe do meu lado,
nada está claro
para os olhos claros;
multidão que se aproxima,
injustiça é sina!
Cinquenta por mil,
É a oferta para que se enxergue
dentro de um barril,
sem pano, nada alegre.
Abraça as nuvens
e senta no horizonte,
não tem nenhum rinoceronte
apenas um bando de jovens.
Conhece a vida?
As doenças mórbidas,
as balas perdidas.
A Ira funciona mais perfeita que o
círculo
social, fatal e radical,
escombro de animal,
estorvo mental.
Anel giratório
atacado ao solo,
berro d'água,
bolhas na superfície.
Nenhuma peça silenciosa,
morte lenta e dolorosa,
olha a cidade pela janela,
os elásticos nas árvores,
que eles te direcionem para
a Ópera de Origami,
que se amasse a Arte!
O sal não convence,
me perco em meio a tanta gente,
seres indolentes,
lavem-se com detergente,
ao ralo o odor inconsequente,
o que restou de inocente.
Calor sem igual
em minha cidade natal
abafado está o meu astral,
desgosto comunal.
Sobre a grama poderia repousar,
beber um refluxo,
virar um navio
e naufragar
no mar Ícaro,
e no desespero boiar.
Agosto de 2018,
Thais Poentes
Gostei.Deu vontade de ouvir Opeth
ResponderExcluirFico feliz que este poema deu estalo pra algo grandioso como Opeth!
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