As rochas sussurravam para que
triunfemos,
Mas isto foi ignorado.
Um ano novo,
Uma vida velha renovada.
Uma flor
rara arrancada,
Esmagada e
despedaçada,
Mastigada e cuspida,
Não ingerida,
Expelida
E poluída
Pelo rio das lágrimas todas que se
formou,
Também do suor e do torpor.
Ela
caiu na torrente,
Guiada pelo golpe latejante,
Desceu pela água, e foi embora.
Lembrara ela, uma vez sorridente,
Da fantasia de
Uma nova aura,
Aquela que se desfez na fumaça
Da terra ressecada
(Ironicamente, o rio nela é
deficiente),
E desapareceu na neblina
Da teoria não cumprida.
Onde está o novo dia?
O pôr do sol me encobriu
E a noite chegou.
Desapareço.
Não consigo mais enxergar,
Já não tenho o que declarar,
Dissipado o medo,
Perdeu-se o desejo.
O cheiro da flor que há muito não
sentia,
O último pingo de sua serventia
Arde em minha ferida de estadia.
E quem diria,
Além da razão,
Que o inegável teria me derrubado
Com tamanha precisão?
Eu não pude desfazer
Nossos dedos entrelaçados
Da minha memória,
E agora penso em desviver
Entre os desgraçados
E me tornar escória.
Feitos descartados,
Não são mais nada.
Ponho-me de joelho sobre os cactos,
Da minha pele escorre um sonho condenado,
Corto minhas mãos
Nas pontas afiadas da desilusão,
E tanto faz.
Foi tudo, porém, tão real.
Não olho para as luzes ao alto,
Tudo o que mais anseio
Encontra-se em um salto.
E o que vale a pena?
Mais uma alma pequena.
E onde adormece a esperança?
Na mórbida
dança?!
Que se dane isso,
É puro desperdício!
Eu não quero me importar,
Estar morta por dentro,
E quem me dera por fora.
Este é o resíduo outonal,
Um simples madrigal.
Janeiro de 2019,
Thais Poentes