E se eu me apaixonar sempre que te ver?
Se eu procurar coisas doces
e ficar insatisfeita
porque nenhuma delas são os seus lábios?
Se eu perder a poesia das coisas?
Não mais vivenciar a poesia exalada
em um simples gesto seu?
Em suas não-palavras?
No vento batendo nas folhas das árvores
e a luz do pôr do sol cortando as frestas?
Nos passos de uma mulher?
O início serenamente cansativo.
Quando surgem brechas para ser patético
e sentimentalmente desequilibrado,
Tenho
praticado.
É exaustivo não ter ao que se agarrar.
Nenhuma ideia clara,
nenhum sentimento
que eu tenha permissão de deixar viver.
Estou aqui...
respirando,
com o coração batendo.
Viva!
Viajando em mensagens descontextualizadas...
brisas de
uma noite chuvosa de um dia qualquer,
e também de
um domingo ensolarado,
na companhia de decepções
que me desestabilizam e tiram meu foco.
Em qual mito
eu tenho que acreditar desta vez?
Tudo é mais uma razão
para que eu não saiba o que fazer.
Então você aparece camuflada em cada pensamento,
em tudo ao meu redor,
nos sons que ninguém mais escuta,
na letra que ninguém mais lê,
além de mim.
Quem poderia entender o valor disso,
exceto o sentimento estarrecido?
É mesmo verdade,
eu não sei o que fazer.
Eu queria apenas gostar de ti
sem me sentir tão solitária por isso.
Não sinto que esteja mais comigo
em nenhum sentido.
Eu que não sei perder,
perdi você.
Totalmente.
Percebo que ainda estou de luto.
Ainda choro
e fujo do
que não posso fugir.
Acho que já basta.
Tudo pode estar soando da maneira que eu não quis dizer.
Eu só não
sei como então eu poderia dizer.
Devo me
libertar
de qualquer
torrente que me leve a ti.
E tudo bem deixar partir...
contanto que saiba que
a tendência é exatamente esta.
Não posso te compartilhar
com o mal que tenho sentido...
E se eu
desejar lhe escrever,
finja que
não escrevi.
Até que eu possa não escrever.
Eu não quero mais escrever.
Janeiro de 2019,
Thais Poentes